Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas
Jaqueline dos Santos
Me pareceu o mais adequado falar sobre a luta de nossas antecessoras, por uma voz , um lugar de fala e posicionamento.
Nesta Autoetnografia vou trazer dois artigos para dialogar sobre Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, um que fala sobre a comemoração do “dia da mulher negra Latino-americana e Caribenha” e “11 lideranças negras que lutam por direitos na América Latina e Caribe”
Pois é algo que no meio acadêmico ou até fora do mesmo é pouco visto ou até mesmo dialogado. Mas até quando podemos permitir não ser falado do nosso povo não apenas como escravos e sim um povo ou pessoas que estudam, trabalham e lutam por seus direitos de posicionamento na sociedade?
“A data no país foi regulamentada pela presidenta Dilma como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra - Preprodução Prefeitura de São Francisco do Conde”
Assim nasce o dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, mas para nós não é apenas uma comemoração mas também uma luta, continuidade por um lugar adequado para nós e os nossos.
“A data no país foi regulamentada a partir da Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.”
Imagina como essa comunidade se sentiu violada em todos os sentidos, vendo os seus entes queridos serem assassinados e muitos deles presos, nessa situação como podemos dizer que foi apenas efeitos colaterais de alguns atos. Mas sim um ato covarde com uma comunidade que resistia a escravidão e lutava pela sua liberdade e dos seus.
“Uma das maneiras de marcar a data, permitindo reflexões acerca das opressões sofridas pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas é dar visibilidade às histórias de vidas de outras mulheres que como Tereza, foram e são importantes para a nossa história. E que com trabalhos impecáveis e perseverança deixaram um legado que cabe a nós reverênciarmos e visibilizarmos como forma de homenagear. Entre elas, Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Benedita da Silva, Ruth de Souza, Conceição Evaristo, Antonieta de Barros e Enedina Marques entre tantas outras”
Todas essas mulheres foram de extrema importância para a continuidade da luta de nós mulheres negras e os nossos, por tantos direitos conquistados. Mas até quando vamos ver as leis ou direitos apenas no papel e não exercidos em sua plena função. Mas quando muitas vozes se levantam de forma coerente podem ser ouvidas. Mas para dar continuidade ao nosso assunto vamos conversar um pouco com o segundo artigo, “11 lideranças negras que lutam por direitos na América Latina e Caribe” onde algumas mulheres são as mesmas da luta pela visibilidade da mulher negra onde se destacaram em vários setores da sociedade, inspirando nos a continuar a luta por uma sociedade mais igualitária.
“Conheça mulheres afro-latino-americanas e caribenhas que transformam suas comunidades, além de mulheres do passado que lutaram para construir uma sociedade mais justa e igualitária no presente”.
Nomes que para nós são referências, para os demais são apenas pessoas comuns ou até mesmo sem significados, não mudando seus pensamentos na luta que muitas dessas mulheres tiveram pelo seu povo. Mas muitos esquecem que tem descendentes negros, pois raras etnias são “sangue puro” segundo eles acreditam, pois nosso país tem uma miscigenação em grande escala podemos analisar que grande parte de toda população latino-americana vem de descendentes negros e indígenas.
“Ao perder o medo do feminismo negro, as pessoas privilegiadas perceberão que nossa luta é essencial e urgente, pois enquanto nós, mulheres negras, seguirmos sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo”. A frase de Djamila Ribeiro, filósofa, escritora e pesquisadora brasileira, embora atual, reflete uma reivindicação antiga das mulheres negras em todo o mundo: o combate ao racismo e ao machismo estrutural.”
A forma como muitos setores de trabalho verem as mulheres ou ainda mulheres negras é inadmissível com salários menores e condições inadequadas de trabalho, às vezes até insalubres pela mulher ser negra. Um descaso, como se mulheres negras não pudessem ter trabalhos importantes. Algo que choca é que muitas mulheres negras têm apenas o ensino fundamental ou médio. Muitas vezes não buscam o ensino superior pelo racismo ou machismo que sofrem ou sofreram. Por fato de ouvirem a vida inteira que universidade é apenas para quem tem condições financeiras. Nós mulheres negras temos que nos conformar com trabalho de auxiliar de produção, faxineira e outros trabalhos onde visa força física. Essa luta não é antiga infelizmente, continua atual muitas mulheres e homens negros trabalhando em áreas considerada muitas vezes desumana, sendo feitos de escravos assalariados muitos dos nossos são considerados para trabalhos onde os demais não aceitam, mesmo nos tento um diploma comprovando ao contrário.
Devemos continuar a luta para sermos valorizados de formas iguais, não dizerem que é frescura nossa. Mas sim um direito que adquirimos através de muitas lutas.
“A luta para mudar esse cenário não é nova. No dia 25 de julho de 1992, aconteceu o primeiro Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana. A partir de então, a data ficou marcada pela união de movimentos sociais liderados por mulheres de diferentes contextos, mas que enfrentam desafios semelhantes.”
30 anos de luta feita por mulheres negras latino-americana e caribenhas, muitos anos de busca por serem ouvidas mas a luta ainda continua, não foi diminuído as reivindicações feita por essas mulheres pelo contrário, as conquistas feitas por elas às vezes estão em papéis e não sendo usufruído por quem é de direito. Ficam barrados por quem tem o poder para isso.
São muitas informações para fazer essa Autoetnografia, mas apenas utilizei algumas informações dos dois artigos para dialogar sobre Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas. Busquei utilizar Cultura e Diversidade para dar continuidade ao trabalho. Foi difícil focar apenas nesse tema em específico. Pois tem muitos assuntos interessantes sobre nós negras e negros para expormos na academia e sociedade. A nossa criatividade, estudos e feitos. Por conta disso vou trazer um ponto a mais no trabalho as curiosidades que eu considerei importante.
Curiosidades:
Poesia
Meu choro não é nada além de carnaval
É lágrima de samba na ponta dos pés
A multidão avança como vendaval
Me joga na avenida que não sei qualé
Pirata e super homem cantam o calor
Um peixe amarelo beija minha mão
As asas de um anjo soltas pelo chão
Na chuva de confetes deixo a minha dor
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Joguei do alto do terceiro andar
Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida
Na avenida
Dura até o fim
Mulher do fim do mundo
Eu sou e vou até o fim cantar
(Trecho da música Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares)
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