quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

  

     

POLÍTICA, TEORIA FEMINISTA E GÊNERO

SIMONE DE BEAUVOIR, ANGELA DAVIS E CAROLE PATEMAN



Ana Luiza Alves De Almeida Mendes

Luana De Morais Mello Pollyana Alves De Matos


O retrospecto da participação feminina no âmbito político pode ser observado a partir de uma postura de luta e resistência. Figuras importantes foram cruciais e necessárias para que fosse possível que a luta pelos direitos das mulheres evoluíssem e se disseminassem. Dentre essas personalidades podemos citar como precursora do movimento feminista, no seculo XVIII, Mary Wollstonecraft, além de pensadoras da modernidade que se destacam como Simone de Beauvoir, Carole Pateman e Angela Davis. É necessário entender que cada uma dessas autoras abordam o feminismo e a realidade da mulher na sociedade de um ponto de vista distinto.

Uma das primeiras personalidades a dar voz às questões feministas foi Mary Wollstonecraft, que em sua obra “A Reivindicação dos Direitos da Mulher” de 1792, destacou e questionou, principalmente, as obras de Rousseau que limitavam o papel da mulher ao âmbito doméstico. Para Wollstonecraft não fazia sentido o homem ser o juiz sendo que tanto homem quanto a mulher compartilham da razão.

Pouco mais de um século e meio depois, em 1949, na ascensão da chamada “segunda onda do feminismo”, a francesa Simone de Beauvoir, através da obra “O Segundo Sexo”, reflete acerca da construção social típica do patriarcado que mantém a mulher subjugada a um homem e no papel de um ser incompleto e que não se define por si só.

É perceptível as similaridades das reivindicações de ambas as autoras, Wollstonecraft no século XVIII e Beauvoir no século XX. Entretanto, essas reivindicações sofreram limitações. Esse feminismo não abrangia, por exemplo, as mulheres negras que desde então já trabalhavam para além do espaço doméstico, mas continuavam subjugadas e sofrendo a violência de gênero que tanto condenavam.

Nesse contexto, a americana Angela Davis é uma importante pensadora, professora e filósofa. Davis tem importancia significativa no movimento negro (panteras negras) e é integrante do partido comunista dos Estados Unidos da América. Destaque expressivo na década de 1970, seu pensamento filosófico, principalmente relacionado à população negra é de extrema importância uma vez que seus estudos são focados no feminismo. “Mulheres, raça

e classe” pode ser considerado um manual para se compreender a importância e a relevância da mulher da raça e da classe substancialmente relacionado a entender os conceitos e o fato de que as pessoas são oprimidas por diversos motivos. Nessa obra, a abordagem de Davis retrata a existência de uma opressão de gênero que se estabelece sobre as mulheres, a população feminina sendo considerada inferior. A obra apresenta também o pensamento da impossibilidade de se existir uma opressão maior que a outra, isso porque as opressões nas minorias atuam em conjunto. Nesse sentido, é possível perceber um paralelo do assunto com a situação e a realidade brasileira, como a pobreza está atrelada à questão de raça, focando na população negra.

A ascensão do capitalismo abriu o mundo do mercado de trabalho para as mulheres brancas, no entanto, as mulheres negras desempenhavam subempregos, isto é, trabalhos análogos à escravidão e com uma baixa remuneração. Além do mais, Angela discorre também sobre como as mulheres negras executam papéis importantes de resistência na história. A miscigenação na maioria das vezes é romantizada no Brasil, porém deve destacar que é fruto de estupros com população negra e indígena.

Já a autora Carole Pateman critica as limitações do liberalismo e em sua obra ela denuncia as formas naturalizadas de submissão presentes na sociedade, que já existiam antes do contrato de Jean-Jacques Rousseau, foram ainda mais entrelaçadas na sociedade após suas ideias e desde então vem tentando ser desconstruída por exemplo pela filósofa Mary Wollstonecraft.

Em sua obra “O Contrato Sexual” Pateman retrata os postos de vista dos contratualistas sobre as mulheres na sociedade, ela cita que para Locke, Rousseau e Kant as mulheres são ausentes do contrato em razão da sua “inferioridade natural” e para Hobbes a mulher é naturalmente destinada a ser frágil por conta de gerar e cuidar dos filhos.

Em suma, a realidade da mulher é temática de extrema importância e os pensamentos feministas que o cercam foram evoluindo, juntamente com suas pensadoras, no decorrer dos séculos, se adaptando às diferentes realidades e desempenhando um papel crucial para a análise dos direitos da mulher.

No QR code ao lado você pode encontrar mais informações sobre as autoras além de indicações de seus livros e também de obras cinematográficas que retratam as lutas das mulheres em busca de seus direitos.

                               



Referências:


Beauvoir, Simone. O Segundo Sexo. Tradução de Sérgio Milliet. 4ª edição. São Paulo: Editora Difusão Européia do Livro, 1970;


Davis, Angela. Mulheres, Raça e Classe. Tradução de Heci Regina Candiani. 1ª edição. São Paulo: Editora Boitempo, 2016.


Pateman, Carole, O contrato sexual. Tradução de Marta Avancini. 2ª edição. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2020;


Wollstonecraft, Mary. Vindicación de los derechos de la mujer. Editora Cátedra, 2000;


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