terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

 



Uma visão acerca do Elitismo Democrático: comparação com outras linhas de pensamento


Gabrielly Couto Pereira 

Jeniffer Guimarães Lima 

Luiz Henrique Vasconcelos Fonseca



          O Elitismo Democrático e a Teoria das Elites aparece no final do século XIX quando o cientista político italiano Gaetano Mosca (1858-1941) notou que existia uma elite dirigente governante que se opunha a um grupo governado estabelecendo essa observação no livro "Elementi di Scienza Política". O autor também percebeu que os poderes ideológico, político e econômico eram importantes, porém a força política era mais relevante. De acordo com a teoria, a sociedade é composta por dois grupos muito distintos: os dirigentes – que são a menor parcela, monopolizam o poder e impõem seus ideais legalmente ou arbitrária e violentamente sobre a sociedade – e os dirigidos – que representam a maioria populacional, são desarticulados e consequentemente menos organizados. Mosca, também, esteve preocupado em explicar que a classe dirigente estava no poder pelo fato de ser mais organizada, haja vista que por afinidade de interesses, constituíam um grupo mais homogêneo e solidário. 

         Nesse contexto, é importante ressaltar que outros pensadores começaram a refletir sobre o assunto e desenvolver conceitos relacionados que possibilitaram a expansão da Ciência Política dentro das Ciências Sociais. Assim, Vilfredo Pareto (1848-1923) – sociólogo e economista italiano – preocupou-se com a interação entre as classes elitistas dando destaque às classes política e econômica consideradas superiores. Outro importante aspecto ressaltado é o processo de decadência das elites no qual estas lutam entre si para disputar a sucessão na prática de dominação política. Pareto acreditava, ainda, que as desigualdades sociais faziam parte da "ordem natural" e que por isso promoviam o surgimento das elites. 

          Além disso, o sociólogo alemão Robert Michels (1876-1936), a partir da observação de partidos políticos de massa e da dinâmica da política democrática, concluiu que existem fortes tendências ao elitismo mesmo dentro das organizações partidárias que funcionam num sistema político democrático. A essa tendência deu-se o nome de Lei de Ferro das Oligarquias cuja aplicação pode ser dada também a grandes organizações sociais, sindicatos e corporações.

         Por outro lado, temos o pluralismo que suas ideias de sistemas políticos, sociais e culturais podem ser entendidas como o resultado de uma multiplicidade de fatores ou composto por uma pluralidade de grupos autônomos, porém interdependentes. Diferente da corrente elitista, que tem uma ideia mais unificadora, tendo o seu centro voltado para a elite, o pluralismo foca nas instituições políticas, em seu funcionamento e idealizam a sociedade como algo plural. Além disso, defendem a formulação de vários setores de poder, promovendo assim, uma sociedade mais competitiva e com uma maior participação. Dessa forma, proporciona um peso maior do que a escola elitista. Tendo em vista que com a Poliarquia, a sociedade se torna plural, pois os partidos competem entre si, gerando assim, a competição eleitoral.

             Acredita-se que o Elitismo Democrático é uma teoria em que o poder político está nas mãos apenas de uma minoria, a elite, ou seja, uma ciência política que se baseia em uma minoria detentora do poder monetário, político, intelectual ou econômico. Em contraposição, o marxismo via a política como algo que deveria ser revolucionado pelo movimento trabalhista, ou seja, a classe operária deveria revolucionar a política, ocupando esse espaço. Visto que eles são contra a dominação e exploração da classe proletária pelos burgueses, que nesse contexto são vistos como a “elite”, descrita pela corrente elitista. Em síntese, a contradição reside na defesa do marxismo de que o poder político deveria estar nas mãos do proletariado e não nas mãos de uma elite, a burguesia, bem como uma sociedade sem classes, onde os bens e propriedades são de todos. 

            Segundo o escritor Dahl, “si las minorías siempre gobiernan, no puede haber democracia. En la práctica, entonces, lo que llamamos democracia no es sino una fachada para la dominación de una minoría”. Tendo em vista que no poder político apenas um grupo governa, com isso, não há integração, participação ou competitividade eleitoral. Além disso, nos revela que a democracia não é como os pluralistas a defendiam, uma sociedade plural e participativa, e sim uma Lei de Ferro das Oligarquias, visto que é uma democracia disfarçada e quem sempre ganha são aqueles que possuem mais privilégios e a minoria como sempre, em sua miséria com o véu da ignorância em seus olhos como observado por John Rawls.

             

 

 

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