terça-feira, 20 de fevereiro de 2024


Resenha 

  Capítulo 8: “Perspectivas alternativas: Feminismo e Pós-colonialismo”, de João Pontes Nogueira e Nizar Messari.

                                                                                                                    Gabrielly Couto Pereira

        No início do texto, os autores afirmam que a contribuição feminista foi pouco reconhecida nas Relações Internacionais, todavia, afirmam que a disciplina não tinha mais como não reconhecer a relevância da categoria de gênero na política internacional, tendo em vista que em 1990, o estupro de mulheres foi utilizado em algumas guerras étnicas, como uma arma para a limpeza étnica. Portanto, as mulheres foram alvo da limpeza étnica por serem o que são, e não por estarem em um grupo étnico diferente. Outro fato, foi o debate que o presidente Clinton realizou sobre a participação dos homossexuais nas forças armadas dos Estados Unidos. Além disso, afirmaram que as Relações Internacionais diziam, que seus estudos eram neutros e objetivos, e por isso, não havia espaço para o debate de gênero.

           Diante disso, afirmam que para estudar o feminismo nas Relações Internacionais, é importante saber que há diferenças entre as feministas e que elas são diversas, como exemplo temos o feminismo liberal, socialista, marxista, pós-moderno e feminismo crítico. Ademais, Ann Tickner lançou uma resposta indireta a Keohane, que colocava todas as feministas juntas e com os autores da teoria crítica, pós-modernos e pós-estruturalistas, pois para ele, eles possuíam argumentos parecidos. Tickner diz que “as teorias tradicionais sequer conseguem entender o tipo de desafio que o feminismo lhes lança”. Dessa forma, para Tickner, as teorias tradicionais não têm instrumentos analíticos, tampouco teóricos que lidem com a questão de gênero, como as feministas o fazem.

          Nesse viés, os autores afirmaram que o movimento feminista passou por duas etapas, a primeira geração de feministas, que lutaram pelo sufrágio universal e pela inclusão das mulheres no espaço político; e a segunda geração de feministas, em 1970, que tinham sua agenda voltada para a inclusão social e a cidadania. É importante dizer que, essas gerações estavam fundamentadas no Ocidente, por conta disso, suas agendas eram um reflexo do movimento feminista ocidental. Contudo, isso não quer dizer que as mulheres de fora do Ocidente não defendiam as mesmas pautas, ou que não havia movimento feminista fora do Ocidente, mas, que o feminismo era preponderantemente formado por uma agenda ocidental. Em relação à terceira geração, Nogueira e Messari disseram que ela abarcou a disciplina de Relações Internacionais e também, foi menos centrada no Ocidente e mais inclusiva.

          Sobre o ponto de vista feminista, afirmaram que ela buscou incluir as questões de gênero em questões de poder nas Relações Internacionais e também, apresenta uma forma alternativa de realismo. Além do feminismo pós-moderno questionar o conceito de identidade, partindo do entendimento de que o gênero é raramente uma categoria óbvia, definida e separada das questões políticas e culturais, ou seja, as teorias feministas abarcavam as contradições da definição de identidade e de gênero na política internacional. Vale salientar que, uma das principais diferenças entre eles, é que, um feminismo sustenta que as mulheres podem produzir políticas diferentes e por isso, podem providenciar um soberano diferente, mas o feminismo pós-moderno, não concorda com isso.

             Assim, com base no pensamento feminista, a identidade de gênero desempenha uma função determinante no pensamento miliar e na ideologia de uma sociedade, por isso, a inclusão das questões de gênero e as mulheres nas forças armadas, tem a capacidade de mudar os resultados políticos, que são dominados por um único gênero. Além disso, uma consequência poderia ser a substituição da dominação masculina por uma feminina, e uma alternativa para lidar com as questões de segurança. Em contrapartida, as feministas pós-modernas afirmam que isso só estabeleceria um novo soberano, para elas, tanto a visão feminista quanto as posições dominantes das Relações Internacionais excluem outro sexo, ao invés de incluí-lo, e isso reduz o alcance da crítica feminista.

                 Vale ressaltar que, a terceira forma de feminismo, teve influência da teoria crítica, ao abarcar as vantagens analíticas feministas e do feminismo pós-moderno, ao formular críticas teóricas e alternativas políticas. Além de outras feministas, estabelecerem vínculos com o construtivismo, visto que o gênero é entendido como não natural, não predeterminado, e sim socialmente construído. Por último, a diversidade de feminismos desafiou as teorias de Relações Internacionais sobre a sua “natureza neutra” em relação ao gênero, ao mostrar que os papéis e o conhecimento são marcados pelas questões de gênero. Ademais, afirmaram que, “a disciplina é mais cega em relação ao gênero, que neutra em relação a ele”, por isso, no fim do texto, os autores deixaram algumas perguntas sobre a construção de gênero: “o que significa ser masculino ou feminino? Ser masculino exclui os homens homossexuais? E ser feminina, exclui quem?”

 

Fichamento : Livro, “Potência, limites e seduções do poder”, Marco Aurélio Nogueira

 Gabrielly Couto Pereira.

        Para o autor o poder pode ser utilizado tanto para conservar quanto para revolucionar, tanto para promover mudanças quanto para preservar o status quo. O poder está em toda parte, tem muitas dimensões e facetas. Temos poder quando conquistamos e influenciamos algo ou alguém a cumprir nossas ordens, ou ainda, quando podemos nos recusar a cumprir certa ordem. 

       Nas relações humanas sempre há alguém que domina ou exerce poder, como os detentores dos meios de produção, dominam os consumidores. Empresários e comerciantes valem-se da propaganda para induzir na compra de determinados bens. Aqueles que possuem conhecimento ou as controlam podem subjugar alguém, controlar informações. 

           O autor afirma que os estados são constrangidos pelo capital financeiro, agências internacionais, demandas sociais, globalização, com isso os governos privatizam o estado, transferem funções para conterem as insatisfações.

        Marco Aurélio fala sobre o mundo virtual das invenções tecnológicas e redes sociais que se tornaram o que Manuel Castells chama de “cultura da virtualidade real, onde o faz de conta vai se tornando realidade”. 

      O autor fala como a revolta feminina mudou a sociedade, com ela houve uma revolução sexual, o patriarcado, a crença de que o homem deveria trabalhar e prover, mudou, as mulheres começaram a trabalhar, estudar e a contestar a sociedade, com isso houve a invenção de anticoncepcionais, a contestação da heterogeneidade, os papéis dentro da família mudou, as preferências sexuais, a duração do casamento…

 



Uma visão acerca do Elitismo Democrático: comparação com outras linhas de pensamento


Gabrielly Couto Pereira 

Jeniffer Guimarães Lima 

Luiz Henrique Vasconcelos Fonseca



          O Elitismo Democrático e a Teoria das Elites aparece no final do século XIX quando o cientista político italiano Gaetano Mosca (1858-1941) notou que existia uma elite dirigente governante que se opunha a um grupo governado estabelecendo essa observação no livro "Elementi di Scienza Política". O autor também percebeu que os poderes ideológico, político e econômico eram importantes, porém a força política era mais relevante. De acordo com a teoria, a sociedade é composta por dois grupos muito distintos: os dirigentes – que são a menor parcela, monopolizam o poder e impõem seus ideais legalmente ou arbitrária e violentamente sobre a sociedade – e os dirigidos – que representam a maioria populacional, são desarticulados e consequentemente menos organizados. Mosca, também, esteve preocupado em explicar que a classe dirigente estava no poder pelo fato de ser mais organizada, haja vista que por afinidade de interesses, constituíam um grupo mais homogêneo e solidário. 

         Nesse contexto, é importante ressaltar que outros pensadores começaram a refletir sobre o assunto e desenvolver conceitos relacionados que possibilitaram a expansão da Ciência Política dentro das Ciências Sociais. Assim, Vilfredo Pareto (1848-1923) – sociólogo e economista italiano – preocupou-se com a interação entre as classes elitistas dando destaque às classes política e econômica consideradas superiores. Outro importante aspecto ressaltado é o processo de decadência das elites no qual estas lutam entre si para disputar a sucessão na prática de dominação política. Pareto acreditava, ainda, que as desigualdades sociais faziam parte da "ordem natural" e que por isso promoviam o surgimento das elites. 

          Além disso, o sociólogo alemão Robert Michels (1876-1936), a partir da observação de partidos políticos de massa e da dinâmica da política democrática, concluiu que existem fortes tendências ao elitismo mesmo dentro das organizações partidárias que funcionam num sistema político democrático. A essa tendência deu-se o nome de Lei de Ferro das Oligarquias cuja aplicação pode ser dada também a grandes organizações sociais, sindicatos e corporações.

         Por outro lado, temos o pluralismo que suas ideias de sistemas políticos, sociais e culturais podem ser entendidas como o resultado de uma multiplicidade de fatores ou composto por uma pluralidade de grupos autônomos, porém interdependentes. Diferente da corrente elitista, que tem uma ideia mais unificadora, tendo o seu centro voltado para a elite, o pluralismo foca nas instituições políticas, em seu funcionamento e idealizam a sociedade como algo plural. Além disso, defendem a formulação de vários setores de poder, promovendo assim, uma sociedade mais competitiva e com uma maior participação. Dessa forma, proporciona um peso maior do que a escola elitista. Tendo em vista que com a Poliarquia, a sociedade se torna plural, pois os partidos competem entre si, gerando assim, a competição eleitoral.

             Acredita-se que o Elitismo Democrático é uma teoria em que o poder político está nas mãos apenas de uma minoria, a elite, ou seja, uma ciência política que se baseia em uma minoria detentora do poder monetário, político, intelectual ou econômico. Em contraposição, o marxismo via a política como algo que deveria ser revolucionado pelo movimento trabalhista, ou seja, a classe operária deveria revolucionar a política, ocupando esse espaço. Visto que eles são contra a dominação e exploração da classe proletária pelos burgueses, que nesse contexto são vistos como a “elite”, descrita pela corrente elitista. Em síntese, a contradição reside na defesa do marxismo de que o poder político deveria estar nas mãos do proletariado e não nas mãos de uma elite, a burguesia, bem como uma sociedade sem classes, onde os bens e propriedades são de todos. 

            Segundo o escritor Dahl, “si las minorías siempre gobiernan, no puede haber democracia. En la práctica, entonces, lo que llamamos democracia no es sino una fachada para la dominación de una minoría”. Tendo em vista que no poder político apenas um grupo governa, com isso, não há integração, participação ou competitividade eleitoral. Além disso, nos revela que a democracia não é como os pluralistas a defendiam, uma sociedade plural e participativa, e sim uma Lei de Ferro das Oligarquias, visto que é uma democracia disfarçada e quem sempre ganha são aqueles que possuem mais privilégios e a minoria como sempre, em sua miséria com o véu da ignorância em seus olhos como observado por John Rawls.

             

 

 

Lorena Cabnal e Julieta Paredes: diálogos para um feminismo comunitário Maria Eugênia Ramos Ferreira O presente trabalho objetiva apresentar...